A Câmara dos Deputados votou, e aprovou, na semana passada, o que se atreveu a chamar de reforma politica brasileira. Em discussão estavam: o fim do sistema eleitoral, pelo qual um partido ou coligação consegue “eleger” candidatos praticamente sem voto, porque outros com um grande eleitorado os “puxam” com as sobras de seus votos; também o fim da reeleição para os cargos do Executivo nos três níveis; a questão do financiamento público e privado das campanhas eleitorais; o fim das coligações para as eleições proporcionais (deputados e vereadores); o tempo dos mandatos dos prefeitos, governadores e presidente da República atuais; dentre diversos outros temas de relevantíssima importância. Contudo, após muita discussão – que até parecia séria – nossa Câmara dos Deputados limitou-se a decidir que 1) os mandatos dos senadores a serem eleitos em 2018 será de apenas quatro anos e não de oito anos, como atualmente; 2) os mandatos dos chefes do Executivo passam a cinco anos, sem direito à reeleição, mas, também, para os que forem eleitos em 2018 (presidente e governadores) ou 2016 (prefeitos). Não se decidiu sobre financiamento da campanha eleitoral, coligações, e outros tantos assuntos de real importância. Na prática, não houve reforma alguma, como disse Ricardo Boechat em seus comentários num telejornal. O Congresso brasileiro parece estar, a cada dia, brincando mais e mais com os brasileiros que, com razão, se sentem cada vez mais e mais palhaços nas mãos da classe politica, cada vez mais e mais desmoralizada perante a população. Parece, aqueles que se acham nobres parlamentares, que estão cegos à voz das ruas, ou gostam de viver perigosamente. Os panelaços vistos e ouvidos durante os pronunciamentos da presidente da República, pensam os congressistas, são dirigidos, apenas, à chefe do Executivo, quando, na verdade, têm como destino toda a classe politica nacional. As últimas reformas políticas que, realmente, vimos no Brasil, se deram em 1977, quando o então presidente, general Ernesto Geisel, fechou o Congresso e editou o tal “pacote de abril”, alterando as regras do jogo eleitoral e, mais importante, revogando o famigerado e temido AI-5, e no início da década de 1980, quando extinguiu-se os únicos partidos políticos então existentes (Arena e MDB), permitindo-se a criação das dezenas de siglas partidárias que os sucederam com o retorno, ao mesmo tempo, dos políticos banidos da vida pública pela ditatura. Nem a Constituição de 1988 trouxe qualquer reforma politica, porque esta já fora implantada quando promulgou-se a Constituição, salvo quanto a única novidade no cenário nacional, surgida alguns anos depois, com a emenda da reeleição, patrocinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Convenhamos, contudo, que, realmente, seria demais esperar que os políticos atuais fossem, de fato, levar a efeito uma reforma que em nada interessa a eles próprios ou aos grupos que os apoiam. O circo é deles, mas no picadeiro estamos nós. Todos de nariz vermelho.
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