Copasa novamente na berlinda
Não é de hoje. De tempos em tempos a Copasa, concessionária pública de tratamento e distribuição de água e responsável pelo esgotamento sanitário entra na berlinda em Itajubá e, convenhamos, também em outras cidades. Aqui já tivemos até a CPI da Copasa em 1994, quando o então saudoso vereador Cláudio de Oliveira – que se tornou conhecido como Cláudio da Móveis Brasil – provocou a instauração de um processo na Câmara de Vereadores para apurar se a Copasa estaria cobrando pelo ar que invadia suas tubulações, toda vez que a distribuição era suspensa e, depois, retomada, principalmente nos bairros mais elevados da cidade. Nada menos que 25 anos se passaram e, até hoje, discute-se no país inteiro a instalação obrigatória ou não dos extratores de ar antes dos relógios de medição de consumo.
Faltou água na sua casa?? A culpa é da Copasa. A água está chegando com baixa pressão e não consegue encher a caixa antes da interrupção do fornecimento?? A culpa é da Copasa. A água está chegando com muita pressão e estourando as bóias das suas caixas?? A culpa é da Copasa. Há vazamentos na rede de distribuição? Culpa da Copasa. O não menos saudoso Nagib Mohallem, que criou uma emissora de televisão em seu galinheiro na década de 1980, chegou a apelidar a Copasa de Sovaza. Agora, mais uma vez, há quem queira que o município rescinda o contrato que mantém há décadas com a concessionária.
O grande problema é: quem irá substitui-lá?? Municípios que criaram ou mantiveram seus próprios serviços de coleta, tratamento e distribuição de água, através dos SAAEs – Serviços Autônomos de Água e Esgotos, autarquias municipais e mesmo aqueles que criaram suas próprias empresas públicas de prestação de tais serviços, estão vendo-se em situações muitas vezes alarmantes. As receitas, via de regra, não cobrem as despesas nos SAAEs e esses municípios acabam tendo de correr com pires nas mãos atrás do governo federal para obterem convênios que lhes garantam verbas para investimentos no saneamento básico, sobretudo em questão de esgotamento sanitário. Quando são empresas e não autarquias, o faturamento também não lhes garante o suficiente para investimentos no setor, e acabam, assim, retomando contratos com as concessionárias públicas dos respectivos estados. Não basta botar um fim no contrato com a Copasa, sem que seja posto na mesa o modelo que a substitua. Até porque, pedir depois seu retorno com a cabeça baixa será, não apenas prova de incompetência, como humilhante.
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