A história é antiga, data de 55 anos atrás, mas alguns fatos atuais, que, por sinal, não têm relação direta com aquela história, a fez reavivar a memória. A Panair do Brasil foi a maior companhia aérea brasileira entre as décadas de 1940 até o ano de 1965. Oriunda da Panam, a célebre – e hoje também falida – empresa que fora o orgulho da aviação civil norte americana, tornou-se brasileira quando a família Simonsen conseguiu adquirir seu controle acionário, na década de 1950. Era a cia. brasileira que detinha todas as linhas internacionais. Era o orgulho brasileiro no ar. Mas conta-se que o pessoal da Varig tentou, de todas as formas, assumir o controle da Panair, para poder ter linhas internacionais, e não conseguiu. Então, veio o 31 de março de 1964, e a turma da Varig era amiguinha dos novos donos do poder. Empresa sólida, sem dívidas na praça, a Panair teve suas linhas cassadas por decreto, e, mesmo com um enorme patrimônio a garantir seus credores, um juiz amigo (da onça) decretou sua falência, aliás, derrubada pelo Supremo Tribunal Federal 40 anos depois. Como quem sacaneia via de regra termina sacaneado, a Varig, que assumiu todas as linhas e o “orgulho” brasileiro no ar que eram da Panair, também teve sua falência decretada nos anos 1990.
O que tem a ver a Panair, a Varig e o governo brasileiro com o recente caso de uma cervejaria mineira que vem sendo acusada de distribuir bebida “imbebível”, e cujo “escândalo” está nas páginas dos jornais, reportagens da televisão e internet há cerca de um mês?? A cervejaria em questão tornou-se um orgulho mineiro, ganhando prêmios internacionais como a melhor cerveja do mundo, e vinha dominando o mercado à partir de Belo Horizonte.
De repente, descobre-se que a bebida teria feito algumas pessoas sentirem-se mal e que a bebida fora extraída de quatro de seus tonéis. O Ministério da Agricultura, governo, entrou na história para proibir da distribuição da cerveja, e, nesta semana, até determinou o recolhimento, em todo o país, de todas as garrafas produzidas desde outubro de 2019.
Bom para os concorrentes que, aliás, terminam com suas marcas concentradas numa grande companhia. Afinal, como, ao ler sobre a cerveja, não lembrar da Panair??
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