Quando D. Pedro I demitiu seu principal ministro e conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, que havia sido declarada poucos anos antes, foi trabalhar em seu jornal, que passou a trazer matérias de oposição ao governo do Imperador. D. Pedro I mandou fechar o jornal de Bonifácio, o prendeu e o mandou para o exílio, embora mantendo-lhe uma boa pensão enquanto exilado permaneceu. Hipólito da Costa, fundador do primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense (1808), foi editar seu jornal em Londres após a Independência, para não ter que enfrentar D. Pedro e José Bonifácio. No Segundo Império, comandado por D. Pedro II, contudo, a imprensa fêz o que quis, com matérias e charges ofensivas até no campo pessoal sobre o Imperador, que achava (ou fingia achar) até graça. Na República, a imprensa sofreu nas mãos das ditaduras de Floriano Peixoto, Vargas e durante o período mais duro do regime de 64, com “empastelamentos” de redações, bombas em bancas de jornais, prisões e torturas de jornalistas.
Reduzindo o limite geográfico para Itajubá, há menos de 10 anos, um prefeito mandou seus asseclas invadirem a Rádio Futura FM e tirá-la do ar, e inventou dívidas inexistentes para o jornal Itajubá Notícias, visando quebrar ambos os órgãos de imprensa que traziam matérias críticas à sua administração. Atualmente, o governo Bolsonaro anda às turras contra os principais e maiores órgãos de imprensa do país, briga que vem desde antes de sua eleição em 2018, mas não cometeu absolutamente nenhuma espécie de arbitrariedade contra esses jornais ou emissoras de rádio e televisão, resumindo-se a classificá-los de “canalhas” diante de matérias divulgadas visando atacar não apenas sua administração, mas até mesmo a honra de sua esposa. É claro que nada disso é bom para o país, nem o que parte daqueles que o presidente considera “canalhas” nem o que os supostos “canalhas” estão fazendo, com a sanha insana de tentar derrubar seu governo a qualquer custo. Irritam-se os “canalhas” cada vez mais, quando veem que quanto mais atacam, mas apoiadores unem-se ao presidente atacado. Mas nada, absolutamente nada, justifica a agressão física a trabalhadores de quaisquer jornais, quaisquer emissoras de televisão, por mais “canalhas” que sejam seus patrões e/ou chefes. A profissão de repórter, principalmente a de repórter de rua, é das mais sofridas mesmo em tempos de normalidade. Não merecem as agressões que alguns sofreram no último fim de semana, partam elas de apoiadores do governo ou de elementos da oposição infiltrados, pouco importa. É dever, sim, de todos nós da imprensa decente repudiarmos tal comportamento, totalmente inaceitável.
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