Você tem ideia do que sejam 1 bilhão de reais? Pois um certo e até pouco tempo desconhecido do grande pequeno público Dario Messer fechou, na semana passada, um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Messer é um dos envolvidos na ladroagem desvendada pela Operação Lavajato, que já se estende há 6 anos e mandou alguns figurões para a cadeia, inclusive Lula. Era um dos “doleiros” da quadrilha que assaltava empresas públicas, Petrobras à frente, ou seja, aquele que convertia reais em dólares ou dólares em patrimônio imobiliário, artístico ou em jóias (ou vice versa). Pelo acordo, Messer devolverá nada menos do que 1 bilhão (isso mesmo 1 bilhão!!!) e 300 milhões de reais aos cofres públicos, em troca de ser condenado a uma pena muitíssimo menor do que a merecida de xilindró.
Na segunda-feira, saiu a condenação a 13 anos e 4 meses, dos quais cumprirá apenas pouco mais de dois anos em regime fechado. Na prática, dos quais somente cumprirá 3 anos e pouco em regime fechado. O Juiz não permitiu que ele recorra em liberdade, embora ele já esteja em liberdade e – pasmem! – mandou expedir mandado de prisão “apenas após passar a pandemia Covid19”. O Brasil é, mesmo, o país da piada pronta. Negocião. Para quem pensa que Messer ficará pobrezinho ao devolver essa quantia, engana-se: primeiro, porque lhe foi permitido, no acordo, ficar com “pequena” parte do patrimônio roubado. Exemplo: devolverá um apartamento avaliado em 40 milhões de reais, no chique bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, mas poderá ficar com outro avaliado em 2 milhões, no mesmo bairro. Também devolverá fazendas, imóveis e dinheiro depositado em paraísos fiscais, mas poderá ficar com “pequena” parte desse dinheiro. Segundo, porque quem tem quase 1 bilhão e meio de reais para devolver, é porque tem muito mais escondido.
Até agora, o Brasil havia se impressionado com os 250 milhões de reais devolvidos há cerca de 3 anos por um gerente, peixe médio, dos golpes na Petrobrs. Agora, descobriu-se que tem muito, muito mais carne debaixo desse angu. Afinal de contas, doleiros como Messer trabalham com dinheiro dos outros, recebendo comissões. Justo imaginar o que o capo de tutti capi tem debaixo do seu colchão, se seus asseclas chegam a ter 1 bilhão e 300 milhões apenas para devolver. Ah, e não tenham dúvidas: Messer não irá cumprir, por enquanto, um único dia no tal regime fechado “após a pandemia”. Como não há real justificativa legal para negar-lhe o direito de recorrer em liberdade, parece óbvio que tribunais superiores lhe garantirão esse direito “negado” pelo juiz antes mesmo do fim da pandemia. E vida que segue. E para você que ainda não conseguiu imaginar o que sejam 1 bilhão e 300 milhões de reais, são nada menos do que 26 malas cheias de dinheiro como aquelas encontradas no apartamento do ex ministro Geddel Vieira Lima. Lembra-se?
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