A água usada diretamente na fabricação das cervejas da Backer está contaminada por dietilenoglicol, segundo perícia do Ministério da Agricultura Pecurária e Abastacimento (Mapa). Na prática, isso significa que o líquido que serve como base da produção de todos os rótulos da empresa, incluindo a Belorizontina que seria a responsável pela intoxicação de pelo menos 18 pessoas, estaria impróprio para o consumo.
A informação foi dada em coletiva de imprensa na tarde de quarta-feira (15), pelo coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Mapa, Carlos Vitor Müller.
Segundo Muller, análises feitas mostraram que a contaminação não estava restrita a apenas um tanque, e sim diversos. Com isso os técnicos do Mapa passaram a trabalhar com a possibilidade de uma intoxicação anterior ao processo de fermentação. “Restringimos o foco de atuação, pois encontramos contaminação em outros tanques. Com isso, coletamos a água do resfriamento e deu resultado positivo para mono e dietilenogicol”, explicou o coordenador.
Ele explicou que por economia energética cervejarias reaproveitam a água do resfriamento para a mistura da cerveja. No entanto, a pasta não sabe ainda como se deu essa contaminação. "A gente encontrou essa água contaminada no processo produtivo e existem diversas hipóteses, já que o produto era usado no resfriamento e não deveria ter contato com a água. Não podemos falar em suspeitas maiores, mas há hipótese de sabotagem, de uso incorreto do insumo, de vazamento", afirmou
Com o resultado da água, a suspeita de que outros rótulos da empresa, e não somente a Belorizontina, possam estar contaminados é ainda maior. Por isso, na última sexta-feira (10) o Mapa intimou a Backer a suspender a comercialização de todos os rótulos. Fora isso, foram recolhidos 139 mil litros de cerveja e 8.840 litros de chope.
O Mapa, em parceria com a Polícia Civil, está tentando descobrir agora como isso aconteceu. Três teorias foram levantadas. A primeira, é a de que possa ter ocorrido uma sabotagem, com a inserção do composto na água por alguém mal intencionado. A segunda, é a de que o equipamento onde a água passa para esfriar e esquentar, possa estar com algum furo, que tenha possibilitado a contaminação. E, por fim, o mau uso do composto dietilenoglicol e ou monotilenoglicol por parte da empresa também está dentre as teorias.
A Backer reafirmou que nunca comprou e nem utilizou o dietilenoglicol em seus processos de fabricação. Ela ainda disse que a substância empregada pela cervejaria é o monoetilenoglicol, cujas notas fiscais de aquisição já foram compartilhadas com a Polícia Civil e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). "Nos últimos dois anos, a Backer precisou aumentar a compra de monoetilenoglicol para atender a demanda de ampliação constante da sua planta produtiva. No período, foram adquiridos 29 novos tanques de fermentação. A Backer aguarda os resultados das apurações e continua à disposição das autoridades", diz a nota.
Terceira morte
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou, na manhã desta quinta-feira (16), a morte de mais uma pessoa internada com suspeita de síndrome nefroneural em Belo Horizonte. O paciente de 89 anos, cuja identidade ainda não foi informada à imprensa, estava em observação no Hospital Mater Dei, na capital mineira.
O corpo chegou ao Instituto Médico Legal (IML) ainda no início do dia onde, neste momento, é submetido a um procedimento de necrpsia para que seja detectada a causa do óbito.
Um outro paciente também internado com suspeita da doença no Mater Dei – unidade do Santo Agostinho, na região Centro-Sul da cidade – não resistiu à gravidade do quadro e morreu na manhã dessa quarta-feira (15).
Os óbitos desses dois pacientes são considerados como mortes suspeitas da doença, possivelmente causada por intoxicação por dietilenoglicol. A substância teria contaminado lotes da cerveja Belorizontina, da Backer, que teria sido adquirida e consumida pelas pessoas internadas.
Ambos os pacientes internados no Mater Dei estavam entre os casos suspeitos notificados à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), um total de 18 desde dezembro do ano passado. Ainda será preciso aguardar os exames sanguíneos desses dois pacientes para confirmar que a contaminação causou os óbitos.
Existe, ainda, uma única morte já confirmada para a doença. Na semana passada, em 7 de janeiro, um paciente internado com sintomas da síndrome na Santa Casa de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, sofreu uma parada cardíaca dadas as complicações de seu estado de saúde e morreu.
Esta matéria (da morte) está em atualização pelo jornal O Tempo, de Belo Horizonte.
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