O sonho dourado da maioria das pessoas numa cultura como a brasileira é a de possuir a casa própria, ter um emprego estável e um carrinho na garagem. No passado, seria ser funcionário do Banco do Brasil – ou servidor público – comprar seu apartamento pelo BNH (o extinto Banco Nacional da Habitação) e o fusquinha. Nem todos, aliás poucos, conseguiam no passado e muitos menos conseguem atualmente. A cultura brasileira é como a norte-americana, principalmente da década de 1980/90, quando surgiram os chamados “youppies”, ou Young Urban Professional (jovem profissional urbano), que proliferaram e seriam muito mais do que jovens profissionais, mas aqueles que planejavam ganhar pelo menos 1 milhão de dólares antes dos 40 anos, e jogavam-se nas armadilhas, principalmente do mercado financeiro, sem nenhuma experiência para tanto. A maioria terminava mais pobre do que quando começava na “carreira, porque lhes era vendida a ilusão. Os brasileiros há décadas vêm sendo vítimas dos mercadores dessas ilusões. Na última terça-feira, 21 (ontem mesmo), a polícia desbaratou uma das quadrilhas que pirateiam e vendem a incautos os cursos preparatórios para concursos públicos de relevância, como os da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal, para Delegados de Polícia Civil, Banco do Brasil, Ministério Público. Seriam, segundo a imprensa, cursos on line cujos preços variam de R$ 500 a R$ 10.000, e estariam sendo comercializados por até 10% desses valores. Não são cursos falsos, mas pirateados, como se pirateava CDs em passado recente. O prejuízo real não é de quem compra, mas do autor da obra. Mas isso somente é possível, porque há a ilusão de que, comprando e estudando por esses cursos especializados em “fazer o cidadão ser aprovado no concurso”, a pessoa conseguirá o tão sonhado emprego (e excelente emprego) público. Tal como o cidadão que paga aluguel ilude-se com a casa própria que, na verdade, ele passará a vida toda pagando, dependendo da idade com que entra no sistema – e poderá perde-la e tudo quanto pagou por ela, se um dia não tiver condições de continuar pagando as prestações. Atitudes como as dos pirateadores de obras ou vendedores de sonhos somente são possíveis em mercados abertos ao jogo da ilusão.
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