Doze crianças desaparecem por dia em Minas Gerais. Entre janeiro de 2014 e fevereiro de 2016 foram registrados cerca de 10 mil casos de menores que sumiram. Em ato que marcará a Semana Nacional de Mobilização para a Busca e Defesa da Criança Desaparecida, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) mobilizam a sociedade para combater o drama que afeta milhares de famílias brasileiras.
A meta é reunir o maior número de cidadãos e instituições para dar apoio e estímulo à cruzada de famílias que perderam seus filhos. O ato na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, às 16h, destacará o trabalho com a busca dos desaparecidos e cobrar respostas efetivas das autoridades. A atividade contará com apresentações como a do cantor Pedro Moraes e da banda Power Trip.
Na oportunidade, será apresentada aos mineiros iniciativa do CFM, por meio de sua Comissão de Ações Sociais, que pretende envolver médicos e outros profissionais da saúde na prevenção e no combate ao desaparecimento de crianças e adolescentes. Uma campanha neste sentido foi iniciada em 2011 e está sendo objeto de atividades nos estados para garantir o engajamento dos profissionais.
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), Fábio Guerra, destaca a relevância e urgência da redução destes números: “apoiamos essa causa importantíssima e convocamos todas as entidades médicas e população a participar do ato em Belo Horizonte. Pequenas atitudes e colaborações podem ajudar a reduzir a incidência de desaparecimentos de crianças e adolescentes no país”, ressalta.
O problema do desaparecimento - Em Minas Gerais, segundo dados da Polícia Civil, as cidades com maior número de menores desaparecidos são Belo Horizonte (1.653), Uberlândia (534), Contagem (529), Betim (428), Ribeirão das Neves (416) e Juiz de Fora (309). Os dados, referente a janeiro de 2014 a fevereiro de 2016, potencializam o problema, já que a maioria, até o momento, não teve desfecho do caso.
O caso nacional é ainda mais grave por conta da falta de políticas públicas. No Brasil, são registrados, em média, 50 mil casos de desaparecimento de crianças e adolescentes por ano. O estado de São Paulo detém 25% desse número, representando o maior índice, seguido do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Estima-se, ainda, que quase 250 mil estejam desaparecidos no país.
Membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, aponta que um dos principais problemas é a falta de um cadastro nacional. Há grande expectativa em relação ao seu funcionamento efetivo, após ter sido criado por lei em dezembro de 2009. Segundo ele, sua ausência deixa as famílias sem suporte oficial. “O País precisa urgentemente de uma ação estratégica sociedade avançar unida no combate a esta mazela. Não se fala de esforços onerosos ou complexos. Medidas simples ajudariam a reduzir a incidência de desaparecimentos de crianças e adolescentes.”, afirmou.
Para auxiliar na busca, o CFM defende políticas públicas no setor. Segundo Paiva, para uma garantia de uma busca imediata destes menores, todos os boletins de ocorrência com registro de desaparecimento devem ser notificados – pela autoridade policial - obrigatoriamente ao Ministério da Justiça, por meio eletrônico, ao site oficial, junto com a foto do desaparecido. “Da forma que é proposto hoje não funciona: não dá para aguardar os pais ou responsáveis da vítima incluir o caso no site oficial do governo, isso deve ser feita compulsoriamente por um policial”.
Orientações à sociedade e aos médicos – “Não fale com estranhos” e “não aceite caronas”. Todo mundo já ouviu o quanto é importante repassar esta orientação para as crianças. Os números nacionais, no entanto, demonstram a necessidade de reforçar o alerta. Outra orientação é deixar com a criança um cartão de identificação com o nome, telefone e endereço dos pais.
O CFM aposta ser possível reverter esta realidade. Por isso, desenvolve junto à categoria uma campanha de conscientização desde 2011. Por meio da Recomendação nº 4/2014, os profissionais médicos e instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar foram orientados sobre como o quê observar e fazer para ajudar neste esforço contra o desaparecimento de menores.
O documento orienta os médicos a prestarem atenção nas atitudes desses pequenos pacientes: como observar se ele se comporta com o acompanhante, se demonstra medo, choro ou aparência assustada. "Acreditamos que os médicos podem ser um canal para encontrar essas crianças, uma vez que elas podem passar por um consultório”, aponta o presidente do CFM, Carlos Vital Tavares Corrêa Lima.
SERVIÇO - ATO PÚBLICO
Semana Nacional de Mobilização para a Busca e Defesa da Criança Desaparecida
Dia 29 de março, a partir das 16h
Praça da Liberdade, Belo Horizonte (MG)
Informações: (61) 3445-5947 e www.criancasdesaparecidas.org
Fonte: Assessoria de Imprensa do Conselho Federal de Medicina
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