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Última entrevista de Georges Mikhael Kallás ao IN
Última entrevista de Georges Mikhael Kallás ao IN

Variedades Notícia Destaque 24/10/2019

 

 

O senhor Georges Mikhael Kallás é um dos empresários mais antigos e bem sucedidos de Itajubá, dono da Casa Joka ele é reconhecido como exemplo para novos e antigos comerciantes. Com mais de 60 anos de história na cidade, ele já se considera brasileiro e afirma não aceitar que falem mal do país e muito menos de Itajubá, cidade que ele adotou como sua e faz questão que os filhos tenham orgulho de terem nascido aqui.  Em uma entrevista descontraída ao Itajubá Notícias ele falou com autoridade sobre assuntos referentes à história comercial de Itajubá e não perdeu a oportunidade de falar sobre política, crise financeira e família. 

 

Como aconteceu a chegada do senhor a Itajubá? 
Estou em Itajubá há exatos 62 anos e vim a chamado de um irmão que sempre morou aqui. Cheguei com 16 anos e trabalhei com ele que tinha um comércio na cidade e depois fui trabalhar com meu próprio negócio em 1958. Comecei com uma loja bem pequena perto do Mercado Municipal onde vendia confecções, cama, mesa e banho. Eu fazia de tudo um pouco na loja, vendia, embrulhava, era crediarista, na verdade a experiência que adquiri trabalhando com meu irmão foi o que me deu força para iniciar minha vida como comerciante. 
Após três meses perto do Mercado surgiu a oportunidade de comprar uma loja na Rua Nova, local onde a Casa Joka está até hoje. Naquela época a Rua Nova já era um ponto comercial, mas tinha postes no meio, o estacionamento também era no meio da rua e mesmo assim essa rua sempre foi referência comercial. Quando comprei essa loja, nela vendíamos de tudo um pouco, já comprei com estoque e nele tínhamos vestido de noiva, cama mesa e banho e muitas outras miudezas. Esse foi meu início como comerciante individual, tendo meu próprio negócio. Realmente comecei muito pequeno e com muito trabalho consegui atingir meus objetivos. 

A família foi e é importante na hora te obter sucesso nos negócios? 
Me casei em 1965 e quando encontrei minha alma gêmea tudo ficou melhor. Ela veio da cidade de Passos para Itajubá e me ajudou muito. Eu já tinha feito a base, já tinha começado e a loja já estava relativamente boa e ela me ajudou a crescer a partir disso. A família foi se formando a partir daí. Dois anos depois tivemos nosso primeiro filho e depois mais outros quatro e mesmo com as crianças pequenas ela sempre me ajudava. Depois dos meus filhos criados, crescidos e formados eles foram trabalhar fora. O mais velho o Esper Kallás é médico e pesquisador conhecidíssimo no país, optou por fazer medicina e hoje mora em São Paulo. Depois tivemos as duas filhas que estudaram engenharia na Unifei, até hoje comentam que eu não quis que elas saíssem de Itajubá, mas isso não é verdade. Uma fez engenharia elétrica e outra de produção. Elas trabalharam foram em suas respectivas áreas e depois eu ofereci a opção delas virem para Itajubá para trabalharem junto comigo, e até hoje elas estão aqui, uma ocupa o cargo de departamento de compras e outra no departamento comercial. Posteriormente o quarto filho se formou na Puc em São Paulo, trabalho alguns anos fora e depois veio trabalhar aqui comigo. Já o filho mais novo que é formado em administração optou por ficar em São Paulo e hoje é professor em uma grande instituição e tem sua própria empresa.  Hoje todos estão casados, tem filhos e graças a Deus temos uma família muito bonita e unida. Sempre estivemos e ainda estamos muito unidos e isso pra mim é motivo de um amor sem tamanho e de muito orgulho. 

Com tantos anos de experiência no comércio, o que o senhor acredita que mais tenha mudado nos últimos anos? 
O comércio vive constantes transformações. Na medida em que o país evolui o comércio evolui junto e sobrevivem aqueles que acompanham essa evolução. Não basta você estar no comércio, você precisa crescer com ele e não digo crescer financeiramente, digo crescer no sentido de conhecimento. O comércio requer esse conhecimento, requer prática, requer estudo, tudo isso é essencial para um bom comerciante. Logo que entrei no comércio comecei a participar da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Itajubá (ACIEI) onde fui presidente, depois participei da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), onde também fui presidente por 14 vezes. Sempre participei da classe empresarial e realizamos muitas ações pela comunidade itajubense. Também faço parte do Lions Clube e nunca deixei de participar de encontros, congressos e treinamentos, como falei, não basta ser comerciante, tem que participar, tem que acompanhar e ver o que muda durante os anos. 
Nós já passamos por inflações, crises, governos fortes, governos fracos e através dos tempos a política muda e a orientação financeira acaba mudando junto. Acredito que seja importante que o país tenha só um rumo, uma só economia e que mesmo com a mudança de governos essas coisas devem se manter. 

Digamos que o senhor já pode ser considerado brasileiro e com tantos anos no país já deve ter acompanhado diversas mudanças, inclusive políticas. Hoje como o senhor enxerga o momento político vivido pelo país? 
Sobre o momento político do país acredito que podemos até nos orgulhar e estarmos felizes por uma coisa muito importante que é a nossa democracia. Quando se tem uma democracia duradoura e permanente sempre achamos o caminho. Claro que pode haver erros e a economia sentir, porque é impossível não sentir já que as pessoas acabam perdendo o poder de compra. O Produto Interno Bruto (PIB) do país deve estar sempre crescendo com a população. Apesar de hoje os casais procurarem ter menos filhos às pessoas vivem mais e com isso nossa população acaba crescendo consequentemente. Temos que lembrar que o governo não deve tirar direitos de seu povo, temos que achar uma maneira e normas para a melhoria, sem prejudicar o povo. A nossa crise hoje não é tão grave e precisamos fazer mudanças e hoje consigo enxergar que isso já vem acontecendo, todos nós estamos na expectativa. 
Para o Brasil melhorar e crescer é preciso investimento em todas as áreas, saúde, educação, segurança, transporte, porque não adianta a população crescer muito e o investimento parar, o básico para a sobrevivência, precisamos ter. No Brasil pagamos muitos impostos e temos muitos problemas como a corrupção e com isso acabamos sentindo o impacto. Mas se isso for melhorado com uma orientação financeira e política isso tudo vai mudar. Acredito que com uma boa orientação essa situação leve algum tempo, mas o fato de começar a mudar já é uma ótima notícia. Talvez daqui dois, três, quatro anos as coisas devem estar melhores. 

Falando em política, estamos em um ano eleitoral, como o senhor vê isso e o que espera de nossos governantes? 
Nos dias atuais as pessoas estão cada dia mais politizadas, conhecem os programas de seus candidatos que tem o dever e obrigação de atender as necessidades do município. Quem é eleito precisa estar ciente de que é um empregado do povo, ele não será mandatário de nada ele é apenas um empregado do povo e deve ver o que esse povo precisa. Hoje eu vejo que as pessoas são mais preparadas, sabem o que as espera quando se propõe a serem candidatos. Quem quer ser prefeito, vice e vereador precisa saber que não é moleza, não é só chegar mandar em tudo, ser o dono da boiada e acabou.  O povo hoje está cobrando e quer resultados. O caminho é um só, basta agir corretamente, desde que você faça tudo da maneira certa os frutos certos virão. Vi uma pesquisa recentemente que fala que 80% dos candidatos a prefeito de nossa região são graduados. Não estou dizendo que quem não é não está preparado, mas quanto mais os políticos estudarem melhor eles devem ficar. Uma vez me perguntaram como se faz para vencer algo e eu respondi que é muito fácil, basta fazer as coisas certas e isso vale para tudo em todas as profissões. Desde que tudo é feito certo a vitória vem. 

Itajubá é uma cidade que sempre foi pólo de empregos. Com muitas fabricas e lojas a cidade sempre contratou, mas com a crise que estamos vivendo muitas pessoas estão desempregadas. Como comerciante o senhor tem sentido esse impacto? 
Na Casa Joka não demitimos, nós aumentamos o número de funcionários nos últimos tempos. Tenho também uma empresa de construção em que estou contratando. Evidente que fecharam algumas empresas, outras cortaram funcionários, mas acho que Itajubá ainda está melhor que outras localidades. O desemprego aqui não é tão alto como em outras cidades e ainda temos a característica de reagir às crises e tenho certeza absoluta de que as coisas já estão começando a melhorar e isso vai abrir espaço para quem está desempregado. Hoje também, o desempregado, aquele que não tem carteira assinada, não está sem fazer nada. Eles acabam saindo da formalidade e indo trabalhar na informalidade, essas pessoas não ficam sentadas em casa esperando as coisas acontecerem, elas sempre estão fazendo bicos, abrindo o próprio negócio e tentando se sustentar. Eu gosto muito de Itajubá e acho que a cidade está bem, vai crescer e está bonita. Como já falamos, com as eleições, espero que quem ganhar sirva o povo. 

Nos últimos anos tivemos grandes reformas na cidade. Começamos pela praça Theodomiro Santiago e o Calçadão e existe um projeto para uma grande reforma na Rua Nova. Qual a visão do senhor sobre o assunto?
Sem dúvida nenhuma acho isso de um benefício enorme para a cidade. Quem pára no tempo não evolui e tudo o que vem para o crescimento é melhor. A reforma da Rua Nova, da praça, do Calçadão, o aeroporto, o Teatro, tudo isso é importante para o crescimento da cidade, sem dúvidas isso é o progresso. Mas nós não podemos esperar que o progresso venha do governo, o progresso tem que vir de quem faz e somos nós que fazemos. Os setores da economia fazem o progresso, mas eles precisam ter apoio e estrutura do governo. Educação, saúde, transporte e tudo que faça bem para a cidade, fazem parte do progresso que oferece para a população uma estrutura muito melhor. O dia que o Brasil passar a investir mais o país vai se tornar uma grande potência. Nós temos potencial para isso, ninguém tem um clima como o nosso, ninguém tem o nosso povo e nossa alegria, o Brasil é o melhor país do mundo e seu povo tem que valorizar isso. Se alguém fala mal do país ou da cidade eu sou o primeiro a contestar. 

Quais as maiores realizações do senhor? 
Hoje tenho uma sensação de dever cumprido por tudo que realizei, me sinto um homem realmente realizado. Tenho muito agradecimento também pela cidade de Itajubá que me acolheu com amor, que recebeu as pessoas que vieram de fora com generosidade. O sucesso é uma benção, é o fruto de trabalho e de acreditar. Fico muito feliz e orgulhoso por estar em
Itajubá, por ser cidadão itajubense e por ter constituído minha família aqui.  Por tudo o que vivi penso que as pessoas nunca podem parar no tempo, é preciso que todos adquiram mais conhecimento, mais contatos e mais vivencias. É importante também que todos mantenham a generosidade, só quem é generoso consegue delegar.


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