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Editorial - Repensando os debates eleitorais
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Repensando os debates eleitorais
Repensando os debates eleitorais

EditorialEdição 67217/08/2016

Nas eleições de  2004, um grupo que se denominava GERPI promoveu um arremedo de debate eleitoral para escolher qual candidato entre o engenheiro Zezinho Riêra, o empresário BPS, ou professor Abel Santos apoiaria. Seus arautos terminaram por apoiar BPS – como, aliás, já parecia preestabelecido entre eles – . Politicamente desmoralizado, o GERPI meio que mudou de nome e transformou-se na Transparência. Nas eleições atuais, a ACIEI tentou levar os três únicos candidatos à Prefeitura itajubense – Rodrigo Riêra, Ricardo Melo e Renata França —  a um debate e que acabou sendo transformado em entrevistas individuais. Os debates eleitorais tiveram início nas eleições americanas de 1960,  quando uma rede de televisão convenceu Richard Nixon e John Kennedy, então candidatos à Casa Branca, a debaterem suas plataformas eleitorais perante todo o país. Jovem, simpático, bem falante e desinibido, Kennedy deu um show sobre Nixon e ficou com a presidência até ser morto em Dallas três anos depois. No Brasil, o primeiro debate às eleições presidenciais ocorreu entre Fernando Collor e Lula e tornou-se celebre pelas ofensas de  Collor a  Lula, e pela sua manipulação pelos editores do Jornal Nacional, da Globo, na véspera da votação, a favor de Collor. Dois anos depois, deu no que deu. Popularizados, e, assim, trazendo alto rendimento às emissoras, passaram a ser feitos até para eleições municipais. Os debates deveriam ser coisa séria, e não meros espetáculos como se transformaram. Basta dizer que, depois de transmitidos, busca-se junto ao público saber “quem venceu”, como se fosse um jogo disputado entre artistas nos programas populares de televisão. O candidato melhor preparado pode, facilmente, acabar “perdendo” (no debate e nas eleições), para o mais bem falante. Tiririca ganharia de qualquer um  num debate brasileiro hoje, porque submeteria ridiculamente ao ridículo, qualquer outro que quisesse debater a sério.  Nixon perdeu para Kennedy, mas foi este quem começou a enterrar os  Estados Unidos na guerra do Vietnã e foi aquele que levou o pais a sair dela  quinze anos depois, pouco antes de deixar a presidência. Entrevistas aos órgãos de imprensa, embora menos espetaculosas, provavelmente, se não conduzidas pelos entrevistadores com má fé, esclareçam melhor os eleitores do que os debates.


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