Baby do Brasil, que na época se chamava Baby Consuelo, nos anos 1980, cantava que “todo dia era dia de Índio”. A música fazia referência ao pré-descobrimento do Brasil, quando aqui era “terra de índio”, no bom sentido. Depois virou terra de índio, no mal sentido. Hoje é 19 de abril, Dia do Índio, criado por um Decreto-Lei do então ditador Getulio Vargas, em 1943, embora a proposta de sua criação não fora de políticos brasileiros, mas surgiu de um Congresso Indigenista realizado no México em 1940, e somente foi adotado no Brasil 3 anos mais tarde, por insistência e influência do Marechal Rondon, famoso por suas expedições indigenistas na Amazônia. O tempo passou. Passou Marechal Rondom, passaram os irmãos Vilas Boas. Passou até o cantor inglês Sting, que se tornou célebre na época de Baby Consuelo por gostar de passar uns tempos com os índios nas matas brasileiras e levá-los em suas turnês pelo mundo. Aliás, passou até Guido, um italiano que gostava também de passar o ano nas tribos indígenas da Amazônia e vinha descansar em Itajubá, na casa da família de Donald Chaib, então proprietário da Itauto, a agência Ford local na época. Hoje, o Dia do Indio pouco ou nada é lembrado, nem no Congresso Nacional, depois que o Cacique Juruna deixou de ser o deputado que gravava as promessas dos políticos prometendo coisas para os índios, para depois cobrar-lhes as tais promessas nunca cumpridas. Índio brasileiro, salvo os ainda perdidos e felizmente esquecidos pelo homem branco na Amazônia (para o próprio bem deles), anda de camionetes de luxo, cobram até pedágios para passarem nas estradas que cortam suas terras. Semana passada, uma reportagem mostrou que, entre 18 horas e 6 horas da manhã seguinte, nenhum caminhão trafega por uma estrada que corta uma reserva indígena. Se tentar, seus pneus serão rasgados por longarinas pontiagudas que os índios colocam na estrada. Segundo os índios da reserva, é a única eficaz maneira de proteger os animais que cruzam a estrada durante a noite. Bom para os animais, bom até para os motoristas cujos patrões, lógico, reclamam que as mercadorias atrasam para chegar ao destino. Para os animais, porque não correm o risco de serem atropelados; para os motoristas porque, pelo menos assim, podem parar seus caminhões e descansar no período noturno, o que é bom para a sua saúde e segurança e de quem mais trafega pela estrada. Bons índios aqueles, embora mal compreendidos. Então, feliz Dia do Índio para todos nós que, estejam certos, somos muito deles meio parentes.
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