Na última segunda-feira, entrou em vigor na cidade de São Paulo uma determinação polêmica dos poderes públicos daquela megalópole: a redução da velocidade dos veículos para até um máximo de 40 Km/h num dos principais corredores da cidade, justamente o de maior tráfego de caminhões, ônibus e automóveis de passeio, as marginais do Rio Tietê. A medida visa diminuir os acidentes de trânsito, segundo as autoridades locais, e não apenas aumentar a arrecadação em multas, o que desconfia a população de lá e de todos os demais lugares do país, cujos motoristas passam com constância por aquelas avenidas ou hipoteticamente um dia passarão. O leitor deve estar perguntando o que isso tem a ver com Itajubá, além do fato de vários itajubenses frequentarem, com seus veículos, a cidade de São Paulo e, obrigatoriamente, terem de trafegar pelas marginais do Tietê. Na ultima edição do IN, noticiamos que, num único fim de semana, registramos nada menos do que seis acidentes automobilísticos na nossa cidade, todos eles consequência de falta de atenção no trânsito, aliada ao excesso de velocidade. O excesso de velocidade para o local onde se trafega é, sempre, responsável por quaisquer acidentes, desde um atropelamento até um abalroamento, choque frontal ou capotamento do veiculo. Ninguém é responsável por um acidente de trânsito se seu veiculo estiver a 0 km/hora, ou seja, parado, embora, parado, possa vir a sofrer um acidente em virtude do excesso de velocidade de algum outro. Um veiculo pode estar em excesso de velocidade numa via cuja legislação imponha um máximo de 30 km/h, se, naquele horário ou naquelas condições de tempo ou da via, ou tráfego de pessoas, esta velocidade se mostrar indesejável para a necessária plena segurança. Por outro lado, a baixa velocidade leva ao entupimento das vias, como, certamente, ocorrerá na já sufocada marginal do Tietê em São Paulo, ou na nossa avenida Cel. Carneiro Junior. É fato que, quanto menor a velocidade, mais segura a condução de um veiculo no trânsito das cidades, mas também é fato que quanto menor a velocidade, maiores os congestionamentos e irritação daqueles que têm compromissos a cumprir. Quando se planejou Brasília, Lúcio Costa, o urbanista, traçou avenidas e ruas onde não havia cruzamentos, beneficiando o fluxo de veículos e evitando acidentes. Mas o tempo deu conta de informá-lo que não fora sua brilhante ideia suficiente para evitar acidentes: a cidade cresceu muito e muito além do planejado, tornando o fluxo de veículos – que poucos podiam adquirir no início dos anos 1960 – muito acima do esperado, já que consórcios e financiamentos não faltam no país para quem queira adquirir um carro próprio. Quinhentos anos depois das liteiras e 100 anos depois das carruagens, nem os carros voadores esperados para os anos 2000, mas que ainda não saíram do papel, parecem ser a solução para os acidentes de trânsito. Estamos sem saída.
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