No filme “Um distinto cavalheiro” (titulo em português), comédia estrelada por Eddie Murphy de alguns anos atrás, o personagem central, um pequeno vigarista, aproveita-se da coincidência de seu nome com o de um senador norte americano falecido para concorrer à vaga deixada pelo defunto no Congresso e, como grande parte do eleitorado desconhecia sua morte, pensou que se tratava da reeleição do sujeito e votou em peso no vigarista que, logo ao tomar posse, aliou-se a um congressista corrupto para tomar parte no seu grupo e, assim, encher os bolsos de grana roubada dos contribuintes. Não é o único filme que critica a corrupção nos meios políticos dos Estados Unidos. Sejam comédias, dramas ou filmes de ação, são comuns essas produções que mostram o lado podre do poder na maior democracia do mundo. Em diversos outros países, a corrupção nos meios políticos também prolifera, inclusive naqueles onde aplica-se a pena de prisão perpétua ou mesmo a de morte, ou onde os acusados de corrupção terminam suicidando-se diante da vergonha pública e familiar. O assunto vem à tona nesse editorial porque é importante que se constate que o cinema norte americano não exploraria o tema da corrupção em sua própria terra se ali não proliferasse, de fato, o assalto aos cofres públicos por quem deveria protegê-los, e vem à tona o escândalo da Fifa, investigado pelos norte americanos porque seu sistema financeiro foi usado para a lavagem do dinheiro da corrupção, segundo a versão oficial. O Brasil, portanto, não está sozinho no campo das falcatruas, embora muito bem colocado no ranking dos países mais corruptos do mundo. Assim como no Brasil, quando autoridades lançam-se nas investigações dos escândalos, não lhes faltam tribunas e microfones para que desandem a lançar sentenças precipitadas, como a que a procuradora lançou em recente entrevista coletiva ao afirmar que os “suspeitos” se uniram para cometerem diversos crimes, esquecendo-se de que, se são, ainda, “suspeitos”, então não se pode dizer, ainda, que cometeram quaisquer crimes. Mas as palavras fortes, as lições de moral através das redes de TV de todo o mundo rendem audiência e, quem sabe, até votos no futuro. O certo é que, se integrantes da Fifa usaram do sistema financeiro de lá para lavarem o dinheiro ganho na corrupção, então os banqueiros de lá colaboraram com a falcatrua e, como o sistema financeiro de qualquer país, teoricamente, é sujeito a um rigoroso controle por parte dos respectivos governos, tem gente no governo americano que fechou os olhos às lavagens de dinheiro através dos bancos ao longo de vários anos. Vale dizer, sem temor, portanto, que não existem santos em nenhum lugar do mundo. Nem no Vaticano, onde, há alguns anos, estourou o escândalo do Banco da Santa Sé e descobriu-se que a batina de um arcebispo estava mais enlameada que a nossa estrela do PT.
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