Carlos Lacerda, jornalista e deputado, depois governador do antigo estado da Guanabara, não queria a construção de Brasília e contra ela lutou de todas as formas entre 1956 e 1960, acusando Juscelino Kubitschek de, desde jogar o país na hiperinflação, até de haver roubado a mamadeira de seu irmãozinho mais novo. Brasília foi construída em cerca de 1.000 dias, entre 1957 e 1960, mesmo contra a vontade da UND, partido de Lacerda, e foi o marco inicial do desenvolvimento do centro oeste e norte brasileiros e não há quem, hoje, que conteste o acerto da decisão de interiorizar a capital do país. O próprio Carlos Lacerda enfrentou, quando governador da Guanabara, entre o final de 1960 e 1965, resistências à construção do belíssimo aterro do Flamengo, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, sem o qual o trânsito entre o centro da cidade e as zonas sul e oeste seria, simplesmente, impossível nos dias de hoje. Depois de mais de um século de planos que ficavam nas prateleiras, o regime militar instaurado em 1964 construiu, em apenas cinco anos, a ponte Rio - Niterói, e a Usina de Itaipu, também sob uma chuva de críticas daqueles que as julgavam obras faraônicas. Esse editorial relembra tais fatos, porque, semana passada, um secretário municipal afirmou que um vereador da oposição à gestão de Rodrigo Riera estaria tentando paralisar as obras do cinema que o município está construindo. Houve, também, resistências à construção do teatro municipal, assim como, na gestão de BPS houve resistências e críticas à mudança da sede da Prefeitura para o que chamavam de ‘fim de mundo’, onde estava sendo construído o atual Centro Administrativo Municipal. Resistências à modernização, à transformação, ao progresso, sempre houve e haverá no meio político de qualquer cidade, de qualquer país. Algumas dessas resistências têm caráter honesto em propósitos, outras visam, apenas, a politicagem de oposicionistas cujo progresso de uma cidade ou de um país lhes atrapalha os planos de virem a assumir, um dia, o poder pelo qual lutam. Esse pode não ser o caso do vereador ou da oposição itajubense na Câmara, mas também pode ser. No caso específico do vereador em questão, a seriedade de seus atos o isenta de ser um ato oportunista. Contudo, em regra geral, nunca se sabe ao certo o que, de fato, move essas resistências. Mas, assim como a Brasília de Juscelino, do aterro de Carlos Lacerda, da ponte dos militares, a reforma das praças centrais de Itajubá, o Centro Administrativo, o teatro, o cinema, o lago, demonstram que a caravana vai passando enquanto uns protestando, mesmo porque governo sem oposição não tem graça.
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