Parece ironia do destino. No primeiro dia da Semana da Pátria, cujo ápice será comemorado depois de amanhã, 7 de setembro, o Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista, residência, entre 1808 e 1889, portanto por 81 anos, da família real portuguesa e brasileira, arde em chamas e, salvo quanto às suas paredes que são de uma época em que construções eram feitas para durar, nada sobra para continuar contando a História. Não fosse o fato de que a maioria do mobiliário, inclusive o trono, está guardado no Palácio Imperial de Petrópolis, porque o da Quinta da Boa Vista foi transformado em museu paleontológico em sua maior parte, nem a coroa dos nossos Dom Pedros teria sobrado.
O Palácio, ou museu, estava sob a administração e guarda da reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cujo reitor criticou a ação dos bombeiros, sendo deselegante para alguém que ostenta o título de “Magnífico” ao chamá-los de incompetentes. Tivesse a mesma educação, o chefe do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro diria que incompetente foi quem não soube tomar as devidas precauções para proteger de um desastre daqueles um prédio histórico que recebeu em confiança. Havia até hidrante que não funcionava. Incompetente, também e sem dúvida, o governo federal – e não apenas o atual, como possivelmente todos os anteriores, cuja verba que destinam a cada orçamento anual para a cultura, notadamente e para a preservação dos nossos museus oficiais, nesse país é ridícula, embora a ANCINE, agência ligada ao Ministério da Cultura seja pródiga em financiar qualquer projeto cinematográfico que se lhe apresente.
Curioso é que, no tempo em que não havia sofisticados sistemas contra incêndios, aquele palácio não teve nem panela de pressão estourada na cozinha. Sobreviveu a D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II por mais de 80 anos, mas não aguentou os 120 seguintes nas mãos da República.
No próximo dia 7, estaremos comemorando 196 anos de Independência político administrativa brasileira, quase a mesma idade daquele Palácio. Os filhos da Pátria não verão tão contente a mãe gentil, como escreveu-se sobre a bela música de seu libertador.
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