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Editorial - O Brasil que não queremos
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O Brasil que não queremos
O Brasil que não queremos

EditorialEdição 77812/09/2018

O ano era 1954. O jornalista e deputado Carlos Lacerda fazia ferrenha oposição ao presidente constitucionalmente eleito Getúlio Vargas. Quatro anos antes, durante as eleições, Lacerda chegou a escrever em seu jornal que Getúlio não deveria ser candidato, se candidato fosse não deveria ser eleito, se eleito não deveria tomar posse e se posse tomasse deveria-se fazer tudo para apeá-lo do poder. Lacerda visava a queda de Vargas para, quem sabe, chegar ele próprio à presidência da República, quem sabe via eleições em 1955, quem sabe via golpe, não importava. Em agosto daquele ano, segundo a história oficial, o chefe da guarda pessoal de Getúlio encomenda um atentado à vida de Lacerda que se consubstancia em tiros contra ele disparados próximo ao prédio onde morava, lhe acerta o pé, mas também o peito de um Major da Aeronáutica, que morre. Alguns dias depois, um presidente eleito democraticamente pelo voto popular suicidou-se para não ser apeado do poder e, talvez, preso. Passados 12 anos, agora em 1966, o General Arthur da Costa e Silva voara para o Recife em campanha para a sucessão, ainda que em eleições indiretas, do General Castelo Branco na presidência da República, cujo poder fora assumido pelos militares dois anos antes. A “campanha” de Costa e Silva tinha sentido, porque parte dos integrantes das Forças Armadas eram contra sua candidatura e ele viajava por todo o pais onde houvesse um quartel para buscar apoio, assim como de políticos que comporiam o colégio eleitoral. Uma bomba acondicionada em uma mala explode no saguão do aeroporto dos Guararapes, onde seu avião pousaria, matando dois policiais e o proprietário de uma banca de jornais e revistas. O atentado era dirigido contra Costa e Silva, mas a bomba era “relógio”, ou seja, programada para explodir num determinado horário e o voo do General havia atrasado. Passaram-se 52 anos até que um novo atentado a um candidato à presidência da República ocorresse e dessa vez em solo mineiro, como vimos na semana passada. Nem durante o regime militar, salvo o caso Costa e Silva, houveram atentados. Fora as brigas de rua entre apoiadores de uns ou outros, as eleições sempre correram dentro de certa tranquilidade, de uma segurança tão impressionante que os candidatos podiam caminhar tranquilamente entre o povo. O Brasil que queremos é aquele que não pode ficar para trás depois do que ocorreu em Juiz de Fora que, esperemos, seja um caso isolado pelas e por décadas. Eleições livres são a festa maior da democracia. Não queremos que alguns venham a atrapalhá-la. Nem a festa, nem a democracia.


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