O gol contra, no futebol, somente acontece quando um jogador de um time, tentando acertar, acaba errando tão feio que prejudica seu time podendo levá-lo a perder o jogo. Não é fato pensado, não é fato estudado, propositalmente praticado, salvo na rara hipótese de corrupção do seu autor. Também o chamado “fogo amigo” somente ocorre por uma infelicidade do soldado que, tentando acertar o inimigo, acaba atirando contra sua própria tropa, desde que não seja, evidentemente, um traidor da sua pátria. Já a torcida contra é algo muito mais doentio, muito mais sério, muito mais reprovável, e vem acontecendo no Brasil desde o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef.
Os apoiadores da doutrina petista de governar – e aqui não nos referimos aos apoiadores da corrupção desenfreada, mas ao populismo que caracterizou os governos petistas – torciam para que ocorresse e festejaram cada descoberta de supostos atos de corrupção de seu sucessor, Michel Temer, que classificavam como golpista. Festejaram com fogos de artifício a operação “carne fraca” cuja espetacularização trouxe grandes prejuízos as exportações brasileiras de carne, festejaram a delação do proprietário do maior grupo frigorífico brasileiro e sua gravação de uma conversa tida na calada da noite com o então presidente, assim como festejam cada dificuldade enfrentada pelo novo governo - e não são poucas -, desde a queda de ministros que teriam entrado em choque com familiares do presidente (o que, realmente, é lamentável que ocorra), como a suspensão da vigência de decretos presidenciais pelo Congresso ou pelo STF, não em razão de seu conteúdo, mas festejam pelo simples fato de o decreto haver sido “derrubado”. Torce-se contra em todos os sentidos, torce-se contra pouco se importando se o país e seu povo sofrem com as descobertas de novos núcleos de corrupção ou com tentativas de fazer alguma reforma que leve o país à frente, quando frustradas, quando deveria se lamentar as denúncias e as frustrações. Torce-se contra as instituições, quando prega-se nas redes sociais o “fechamento” do Supremo Tribunal Federal. O Brasil e parte de seu povo – e esta parte não é pequena – está terrivelmente doente.
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