Vale a pena endividar-se para consertar a casa que está com rachaduras ou deixá-la chegar a um ponto em que terá que ser demolida? A dúvida que certamente assola os particulares, também deve ser objeto de reflexão na gestão pública. Numa situação econômica e financeiramente difícil, como todos os municípios brasileiros salvo alguns privilegiados por royalties (e olhe lá!!), Itajubá tem que procurar manter a casa minimamente sob condições de habitabilidade. O Estado de Minas nos deve milhões de reais que não serão pagos tão cedo. O Governo Federal já “contingenciou” bilhões do orçamento desse ano (e contingenciar é palavra bonita para boqueio ou corte, mesmo, que é o que ocorre na prática), e certamente vai “contingenciar’ mais ainda, porque o mar não está nem para tubarões, muito menos para peixes.
Os principais ministérios financiadores de obras públicas, como o Ministério do Desenvolvimento Regional, já enviaram correspondências aos prefeitos do país todo, avisando que até mesmo as obras que se encontram em andamento, com recursos empenhados, serão paralisadas e aquelas que já se encontram paralisadas porque recursos não foram liberados para sua continuidade, paralisadas continuarão, salvo se for demonstrada cabalmente sua extremíssima necessidade.
Aos municípios, sem recursos próprios, sem recursos estaduais e sem recursos federais, caberá buscar outras soluções, se quiserem, pelo menos, fazer a manutenção da casa. Uma dessas soluções é buscar financiamento, seja junto a bancos públicos, seja em instituições privadas. A Câmara Municipal aprovou, apesar de um único voto contra, a solicitação de autorização feita pelo prefeito para que o município contrate um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal, no valor de 16 milhões de reais. Não se realizará nenhuma obra nova, mas esse dinheiro servirá para dar manutenção a diversas vias públicas itajubenses.
O empréstimo da Caixa, embora a juros menores que os de instituições privadas, tem que ser pago, e com juros, ao contrário dos convênios em que o Estado ou a União aportavam recursos para as obras, a fundo perdido. Mas parece não haver outra solução, a não ser deixar os buracos das ruas e avenidas transformarem-se em crateras. Endividar-se para fins que não possam ser vistos como investimentos rentáveis é sempre triste, mas muitas vezes necessário. Foi o que a Câmara Municipal soube compreender.
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