“Terra tombada” é um dos grandes sucessos da música sertaneja chamada “raiz”, que saiu do meio rural e difundiu-se por todo o país quando gravada com arranjo orquestral pela dupla Chitâozinho e Xororó, na década de 1980. Romanticamente fala da suposta beleza dos campos na época das “queimadas”, método utilizado por fazendeiros para preparar a terra para novas plantações. “Terra tombada/solo sagrado, chão quente/esperando que a semente/venha lhe cobrir de flor”, diz parte da letra. 
Ano a ano, o mundo todo vê pela televisão as tragédias que assolam o estado norte-americano da Califórnia, devido aos grandes incêndios que destroem bairros e pequenas cidades inteiras, provocados pelas queimadas nas matas que rodeiam as maravilhosas praias de Malibú, reduto dos milionários, mas que também atingem as camadas mais pobres da população de Los Ângeles ou São Francisco. 
No Brasil, felizmente, ainda não vimos reportagens sobre tragédias humanas provocadas pelas queimadas, embora seja comum vermos notícia de grandes incêndios em áreas florestais, principalmente entre agosto e outubro de cada ano, quando é forte o período de estiagens.
Na última edição do Itajubá Notícias trouxemos reportagem sobre queimadas em Itajubá, alertados pelo incêndio que começou no bairro da Varginha e se espalhou até o acesso ao Parque Municipal, felizmente controlado, com as dificuldades de sempre, pelo nosso Corpo de Bombeiros. Se o incêndio não fosse controlado, atingiria, por certo, áreas residenciais no bairro da Estiva, e seríamos manchete de telejornais no país inteiro. 
O tempo do romantismo das queimadas, como dos balões de São João incendiários, passou e parece que tem gente que não se apercebeu disso. Queimadas, além de perigosas para toda uma comunidade, constitui-se em crime ambiental, e, aqui, a palavra “crime” não tem apenas uma  conotação popular, mas é ato previsto na Lei de Crimes Ambientais. Independente disto, porém, o problema das queimadas tem a ver com a segurança de toda uma população, por colocar em gravíssimo risco e iminente perigo não apenas bens materiais, mas a vida das pessoas, como já estamos acostumados a ver em graves acidentes automobilísticos nas estradas, provocados pela fumaça espessa das queimadas próximas. Se muitos não se conscientizam disso, cabe à sociedade impor-lhes, pela força da lei, o respeito à segurança a quem tem direito.

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