Fazem poucos anos que o público torcia para que um casal homossexual masculino de uma novela da Globo se beijasse, mas repudiou o beijo entre um casal homossexual feminino em outra novela, logo nos primeiros capítulos, fazendo com que a obra perdesse audiência e nunca mais a recuperasse. No regime militar brasileiro (1964/1984), impunha-se censura prévia às notícias de cunho político-administrativo, inclusive com censores dentro dos jornais e das emissoras de rádio e televisão, sobretudo entre 1968 e 1978, mas as revistas, na época consideras pornográficas e até os famosos “catecismos” (pequenos livretos, sem autoria, com historietas ensinando sexo heterossexual à garotada), eram vistas nas bancas de jornais, embaladas em saquinhos plásticos, como a icônica Playboy, por exemplo. Os cinemas popularizaram as pornochanchadas, e seus porteiros eram responsáveis por não permitirem a entrada de menores de 18 ou até 21 anos, dependendo do grau de censura imposto. Na semana passada, o prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella, líder de uma igreja Pentecostal, resolveu exercer a censura sobre uma publicação que estava sendo divulgada na Bienal do Livro. Tratava-se de uma história de super-heróis onde dois personagens masculinos se beijavam, e mandou seus fiscais apreenderem a obra. Um juiz liberou, mas o presidente do Tribunal de Justiça acatou o recurso de Crivella e autorizou a apreensão, agora de forma mais extensa, para que fossem recolhidas “todas as obras que apresentassem conteúdo impróprio à menores”, ficando a critério dos trogloditas de Crivella julgar quais obras seriam “impróprias” e quais não. O caso foi parar, no fim de semana, no Supremo Tribunal Federal, e tanto seu presidente Tofolli como o ministro Gilmar Mendes, impuseram à Crivella e ao presidente do TJ do Rio a vergonha de serem vistos como homofóbicos e censores. Crivella pode até cobrar comissão dos editores da obra censurada: foi o seu melhor vendedor, porque esgotaram-se todos os exemplares. Na verdade, quisesse ou queira Civella “proteger” as crianças e adolescentes do Rio de Janeiro, poderia colaborar para que eles não morressem nas balas perdidas que, diariamente, tiram a vida de crianças cariocas.
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