Apenas três exemplos do passado: Juscelino Kubitschek prometeu construir Brasilia, partindo do nada, e a construiu em apenas 4 anos, depois de o plano de sua construção ficar paralisado durante os 60 anos de República que antecederam sua posse na presidência. A ponte Rio-Niterói, planejada desde o segundo Império, saiu do papel e entrou em operação em pouco mais de 4 anos: iniciada em 28 de agosto de 1968 ou janeiro de 1969, dependendo do que se considere como seu marco zero, ficou pronta em novembro de 1973 e foi oficialmente inaugurada em março de 1974. A Usina de Itaipú, com barragem e tudo, teve suas obras iniciadas em 1975 e foi inaugurada em 1982, apenas 7 anos depois. Todas são obras monumentais, e somente a primeira delas tocada durante um período de normalidade democrática. Mesmo assim, para os que pretendam argumentar que as demais foram realizadas num período ditatorial e, portanto, sem possibilidade de fiscalização e controle social de seus custos, Brasília não sofreu o assédio de Tribunais de Contas ou de Parlamentares que levassem à sua paralisação, embora um certo setor da imprensa na época o desejasse, porque o cumprimento da promessa por Kubitschek dificultaria a ascensão do dono daquele jornal à presidência da República, como pretendia há mais de uma década. O Brasil da plena democracia plena, contudo, não consegue terminar a tempo e modo obras simples – se comparadas àquelas citadas supra – como o prédio do novo Forum de Itajubá, cujas obras se viram paralisadas por “problemas na licitação” detectados, por incrível que possa parecer, pelo próprio órgão que a realizou, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais. A nova Praça Teodomiro Santiago, após sua conclusão, recebe “parecer desfavorável” em um laudo que o Ministério Público de Minas Gerais levou mais de 3 anos para realizar a pedido de um vereador, ou seja, praticamente no início da obra. Assim não dá, assim não pode, como dizia no seu tempo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Não se pretende aqui vedar-se o controle social sobre os gastos públicos, inclusive sobre obras, mas o que é duro de se engolir é que a burocracia, a questão da vírgula, os centavos ou apenas o interesse político oposicionista simplesmente travem o desenvolvimento sob a falaciosa desculpa de que se estaria “protegendo os cofres públicos”. Ah, e apenas para lembrar: vasculhadas as contas das obras de Brasília, pelo regime militar, da ponte Rio-Niterói e de Itaipú pelos que assumiram o poder após 1985, não se provou nenhuma falcatrua.
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