Ganhou força no Brasil da Covid-19 a expressão “negacionista”. Para os cientistas da área médica, e aqueles que defendem o isolamento social com forma mais eficaz – além do uso de máscaras de pano – para o combate à doença, até que seja aprovada, comercializada e efetivamente aplicada uma das dezenas de vacinas que estão sendo testadas mundo afora, o “negacionista” é aquele que não segue fielmente as “recomendações da ciência”, como, por exemplo, o atual presidente da República.
Negacionismo é recusar-se a aceitar fatos que se tornaram, por força da ciência ou mesmo do empirismo, públicos e notórios. São negacionistas aqueles que não acreditam que a terra seja arredondada, que alguns astronautas norte americanos chegaram e pousaram na lua entre o final dos anos 1960 e início da década seguinte, que, por determinação de um líder alemão nas décadas de 1930 até meados da seguinte centenas de milhares de Judeus foram exterminados e alguns outros milhões tiveram suas vidas econômica e socialmente arrasadas. Também é aquele que não acredita que um vírus, originário – pelo que até agora se sabe – da China (dissemos “até agora”, porque a gripe espanhola, descobriu-se depois, não fora proveniente da Espanha), esteja causando, em praticamente todo o mundo, a Covid19, doença que, como a Aids nos anos 1980, reduz a imunidade e provoca o surgimento ou recrudescimento de uma série de doenças que podem levar à morte. Mas não é negacionista aquele que não confia que as máscaras, realmente, evitem a proliferação do vírus, ou que o isolamento social horizontal, lockouts ou ações de cunho segregacionista seja a melhor técnica para evitá-la ou minimizá-la. Não é negacionista aquele que pensa que um ou dois remédios populares – como os defendidos pelo presidente e diversos outros cidadãos até da área médica – seriam eficazes contra a doença, e não acredita que “causem efeitos colaterais sérios” porque não causaram nem causam ao longo de décadas em que estão sendo utilizados para tratamento de outras doenças. Aliás, se não fizerem efeito contra a doença atual, seriam meros placebos em relação a ela e placebo não faz mal a ninguém. O que o Brasil precisa é de gente que não se valha do “espírito científico” para acusar a “plebe ignara” do que ela não é: simples negacionista.
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