“Como controlar Maria”? Esta frase é o verso inicial da famosa canção cantada pelas freiras logo no início do filme “A Noviça Rebelde”, clássico do cinema. Outra frase, esta tipicamente brasileira – aliás, criada pelos brasileiros – é o tal “prá inglês ver”. Esta última é da época do Império, quando o parlamento brasileiro fêz aprovar uma lei vedando o tráfico de escravos africanos para o Brasil, por pressão da monarquia inglesa. Não era, ainda, a lei que abolia a escravidão no Brasil, mas, apenas, supostamente evitaria a entrada de novos escravos. Praticamente não tinha condições de ser efetivamente aplicada, dado o tamanho do litoral brasileiro, como, com todas as boas condições tecnológicas de hoje, é impossível abolir-se o contrabando e o descaminho através das fronteiras terrestres. Desde que surgiu a internet e foram se desenvolvendo as redes sociais, sites e disseminou-se a informação, boa, ruim, verdadeira, falsa, pouco importa, que tenta-se controlar um monstro que, como a Noviça Rebelde Maria, não há como se controlar. Nesta edição, o Itajubá Noticias, que, um dia, já festejou em suas páginas a Lei do Marco da Internet no Brasil, há mais de 5 anos, traz o que poderia ser uma boa notícia, a de que “os disparos de Wathsapp nas eleições poderiam ser punidos – e com a possível punição, contidos -- pela nova lei  de proteção de dados”. Com todo o respeito, nos parece mais uma “lei para inglês ver”. Primeiro, porque o período eleitoral é curtíssimo, e os estragos que esses disparos em massa, principalmente de propaganda ilegal e, sobretudo, fakenews, podem causar, e causam, são irreversíveis, e isto é o que interessa a quem os dispara. Segundo, porque a punição levará tanto tempo para ser aplicada pelo Judiciário – ou, o que também é ruim, aplicada com pressa violando o direito de defesa – que nenhum resultado prático será obtido. Impossível “conter Maria” , quase que falácia conter as redes sociais. Estamos torcendo, sinceramente, para que não seja mais uma lei para “inglês ver”.

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