O ano letivo de 2020 foi perdido para a imensa maioria, quase totalidade, dos alunos do ensino fundamental e médio em todo o Brasil. E, se depender da vontade de alguns profissionais da educação, 2021 também. Aliás, estando já em meados do ano, já foi perdido ou, no mínimo, extremamente prejudicado, caso as aulas presenciais retornem em junho. 

É compreensível o medo da classe do magistério público – professores das redes municipais e estaduais de ensino – em relação à Covid-19 e sua disseminação nas salas de aulas lotadas de alunos, o que os faz ser absolutamente contra o retorno ao ensino presencial, até que haja a completa vacinação da população ou, pelo menos, a imensa maioria esteja vacinada. Sabemos, no entanto, que isso não acontecerá tão cedo. Até a última segunda-feira, cerca de 20% da população brasileira já teria recebido a primeira dose das vacinas, seja a de base chinesa ou inglesa (Coronavac e AstraZeneca). No caso da AstraZeneca, a população que recebeu a primeira dose somente receberá a segunda em 90 dias, e, portanto, não pode ser considerada, ainda, vacinada. No caso da Coronavac, o período entre as doses é dois terços menor, mas, também, poucos a receberam.   
O ensino à distância, ou seja, as aulas virtuais revelaram-se e revelar-se-ão muito mais num futuro próximo, uma tentativa fracassada. Tirando-se a palhaçada das divulgações de alunos vestindo uniformes escolares recebendo “aulas” em frente ao aparelho celular em casa, nem mesmo a propaganda ridícula suportou ao tempo e desapareceu de cena. O Brasil verá, na prática, que o ensino virtual, principalmente para o ensino fundamental e para a classe de menor renda e cultura da população, é uma pantomima. É absolutamente necessário que retornem as aulas presenciais. O que mais incentiva os alunos a estarem nas salas de aulas não é a merenda escolar, como muitos dizem. É a companhia dos colegas e a presença dos professores que, direta e indiretamente, os leva a reterem as lições. “É na escola que a gente aprende a contar, a criar, a crescer/ é na escola que nasce o desejo, de pensar e de tudo saber”, diz a letra do tema de abertura do lendário humorístico “Escolinha do Professor Raimundo”, de Chico Anysio. Escola virtual é para adultos e autodidatas, e olhe lá. A volta às aulas é fundamental, e já estamos atrasados para isso.

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