Quando desembarcou em Boston, nos Estados Unidos, o itajubense Carlos Vaz mal podia pagar pelo único lugar que encontrou para morar: o sótão de onde vivia outros brasileiros, que só ele conheceu ao chegar à cidade. “Eu tinha U$$ 300 no bolso e o aluguel custava U$$ 350”, conta o itajubense. Agora, 18 anos depois Vaz continua a procurar casas – mas para outros. Sua empresa, a Conti Real State Investiments, compra propriedades e as aluga para famílias americanas em busca de um teto. Com sede em Dallas, no Texas, a companhia detém 27 conjuntos residenciais na região, com cerca de oito mil apartamentos.
Vaz é o oitavo entre nove irmãos e irmãs e o primeiro da família a concluir o segundo grau. O desejo de deixar o Brasil veio depois de ele ingressar no curso de Direito da Universidade Federal de Viçosa. Como imigrantes sem dinheiro, Vaz teve de trabalhar em vários empregos simultaneamente. Ajudava a carregar caminhões de jornais das 2 às 6 da manhã e duas horas depois estava no estágio, que não era remunerado. Às vezes por causa do cansaço, dormia nos trajetos de ônibus ou metrô. “Perdi o ponto algumas vezes”, relembra. Depois de algum tempo, começou a estudar à noite, na Escola de Extensão de Harvard, que fornece cursos rápidos com os professores da universidade, mas a custo mais baixo que os de graduação. Encerrado o estágio Vaz saiu dos demais empregos e começou a trabalhar como servente de pedreiro, por insistência de colegas brasileiros que precisavam de um companheiro que falasse inglês – ele aprendera o idioma sozinho no Brasil, traduzindo livros para o português.
Em meados de 2004, um amigo que trabalhava com hipotecas o chamou para fazer trabalhos de reforma em algumas casas. Vaz aproveitou e pediu para aprender sobre o assunto. Em abril de 2005, deu o passo seguinte e começou ele mesmo a comprar, reformar e vender propriedades. A atividade incluía as hipotecas, que se tornaram a semente da crise financeira que explodiria em 2008. No início de 2007, depois que já havia negociado mais de 30 casas em Boston, o empresário percebeu que era hora de mudar novamente. Os contornos da crise ficavam mais claros à medida que os juros sabiam e a inadimplência atingia níveis alarmantes. Em agosto, depois de avaliar várias cidades dos EUA, Vaz voou para Dallas. Em vez de vender casas, decidiu passar a alugar apartamentos.
Fonte: Valor Econômico
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