Quando se candidatou pela primeira vez a uma vaga na Câmara Federal, o comediante e palhaço profissional Tiririca tornou-se o candidato mais votado do país. Sua campanha foi feita na base da palhaçada televisiva, e chegou à Câmara visto por seus colegas como o bobo da corte. Antes do final do seu mandato, provou ser, realmente, um palhaço, e renunciou acusando não ser aquele um picadeiro sério (como se a população brasileira não o soubesse), mas, provando mais uma vez ser um palhaço, candidatou-se nas eleições seguintes e, por incrível que pareça, foi eleito de novo. Ninguém mais ouve falar em Tiririca, apesar de ele ainda estar lá. 

Na última segunda-feira, o Congresso ganhou sua Tiririca de saias. A deputada Magna Mofatto (PL-GO) fez-se filmar num helicóptero, supostamente portando um fuzil, e postou a palhaçada nas suas redes sociais, nas quais prometeu “pegar” Lázaro Barbosa, um suposto serial killer, que teria exterminado uma família inteira no estado de Goiás, além de haver, também supostamente, praticado uma série de outros crimes (por isso vem sendo tratado como serial killer), e que, há mais de 13 dias e até o fechamento desta edição, ainda não havia sido localizado e preso (ou morto) pela polícia goiana, que já movimentou centenas de homens, helicópteros, cães farejadores e todo o aparado disponível para tentar encontrá-lo, sem sucesso. Enquanto a polícia corre atrás de Lázaro, as redes sociais e canais de “notícias” da internet sem qualquer confiabilidade lançam matérias e mais matérias sobre o suposto paradeiro do perseguido, criando ainda mais problemas para os policiais com as fake news. Agora, além das notícias falsas, das opiniões despropositadas lançadas em parte da imprensa, das “análises psicológicas” sobre o bandido feitas nos programas de televisão pelos “especialistas”, a polícia ainda tem que aturar a palhaçada de uma deputada que deveria se dar ao respeito, ao invés de denegrir, ainda mais do que já está denegrida, a imagem do circo que, há muito tempo, transformou-se nosso Congresso Nacional.

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